Luís de Camões é a voz que elevou a língua portuguesa à imortalidade.
Autor de Os Lusíadas, épico que celebra as conquistas portuguesas e os dilemas humanos, Camões soube unir o heroísmo e a fragilidade, o amor e o destino, o sagrado e o profano.
Sua poesia, de profunda musicalidade e reflexão, ecoa até hoje como símbolo da alma lusitana e da força da palavra.
“As armas e os barões assinalados,
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando
— Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram,
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram;
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.”
(Os Lusíadas, 1-3)
